O Velho Mirante tem origens ainda
não completamente esclarecidas, mas tornou-se, na segunda fase da história da
Pontinha, iniciada em meados do século passado, no autêntico ex-libris da freguesia.
Constou durante anos que servira de posto da Mala-posta, mas nunca se encontrou
nenhuma informação ou prova documental que o confirmasse.
Para além do facto de este edifício estar situado numa zona que corresponderá à
antiga Quinta da Pontinha, existente, pelo menos, desde 1622 (como documentámos
no capítulo anterior), a única referência que encontrámos para a sua origem
aponta para uma utilização associada à caça, o que também sabemos que era uma
prática usual nestas paragens, designadamente pelos moradores da Quinta da Boa
Vista ou do Falcão. Quem sustenta que o “Velho Mirante” servia tal função, é
Álvaro Corte Real, no seu estudo académico de 1973:
“(…) um antigo pavilhão de caça de uma das quintas aristocráticas que lá
existiam, hoje transformado em casa de pasto, mas que de facto constitui a
imagem mais presente do lugar”. Na realidade, desde há décadas que o Velho
Mirante tem servido de afamado restaurante.
Embora seja interessante continuar a procurar informações mais substantivas
sobre a origem daquele nobre edifício, o mais importante é que ele constitui a
referência por excelência dos habitantes da freguesia, ao ponto de integrar o
brasão da Junta e estar bem no coração da vila, imponente, dominador,
preservando uma memória centenária que quase desapareceu na freguesia. No
século XIX ainda se falava em “mirante”, atendendo à vista que proporcionava
sobre a zona, estando hoje o Velho Mirante praticamente submerso pelos
edifícios circundantes. Por isso, consideramos uma boa decisão da Assembleia
Municipal de Odivelas ao considerá-lo em 2005, por unanimidade, Imóvel de
Interesse Municipal, nos termos da informação dos serviços n.º
04/DCPC/SEPC/2005, de 2005.01.14, com a seguinte redacção:
Caracterização Histórico Artística
Época – século XVIII.
Síntese Histórica - Através de
informação bibliográfica, do século XIX, sabe-se que o vale de Odivelas era
dividido em pequenas propriedades de cultura intensiva, realizada pelos
saloios. Fora desse vale, e na região que corresponde à Pontinha, a pequena
propriedade desaparece e tende a acumular-se em grandes quintas como, por
exemplo, a Quinta do Oliveira, da Condessa, do Mossamedeo, do Casal do Falcão
(Pereira, 1910, p. 146). Segundo informações fornecidas pela Junta de Freguesia
da Pontinha, não existem confirmações do que poderá ter sido o 'Velho Mirante',
existe a hipótese de ser um ponto de paragem da Malaposta, ou ter pertencido à
Quinta da Freira. Existe notícia da existência de um edifício
arquitectonicamente semelhante na Quinta do Falcão.
Síntese Arquitectónica - Este
edifício de arquitectura civil apresenta características arquitectónicas
distintas: Barroco e 'estilo pombalino'. A fachada principal e as laterais são
de 'estilo pombalino' pela afirmação de uma linguagem classicizante, depurada,
evidenciada pela marcação distinta dos dois registos. A fachada posterior
evidencia uma sensibilidade barroca na concepção de formas arquitectónicas
helicoidais que permitem, através de um jogo de parede murária ondulante,
conceber um sentido de movimento na estrutura arquitectónica, muito usual na
arquitectura religiosa da época”.
Assim, se espera que, de agora em diante, o Velho Mirante mereça maior atenção
da parte das entidades autárquicas, designadamente no estudo, conservação e
fruição pela população, do mais simbólico edifício da freguesia da Pontinha.
Retirado de: http://www.pontinha.pt/sitemega/view.asp?itemid=130&catid=111